No Dia Mundial de Enfrentamento à
Tuberculose, celebrado nessa sexta-feira, 24 de março, o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas
Gerais (SES-MG), orienta sobre os cuidados e reforça a necessidade
de enfrentar um dos maiores desafios relacionados à doença, que é a adesão
do paciente ao tratamento.
A Tuberculose é uma doença infectocontagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis,
que embora possa acometer outros órgãos, tem a forma pulmonar como a mais
frequente e a principal responsável pela transmissão.
Para a coordenadora do Programa Estadual de Controle da
Tuberculose, Maíra Veloso, “o abandono do tratamento é um dos principais
desafios para o controle da tuberculose. A taxa foi de 11% em 2015. Trata-se de
uma situação que pode agravar a quadro do paciente, além de manter a
transmissão da doença e ocasionar o aparecimento de bactérias mais resistentes.
Para o resultado do tratamento ser favorável, é importante o paciente tomar os
medicamentos com regularidade e no tempo previsto, que é no mínimo de 6 meses”,
afirmou.
Ainda segundo Maíra Veloso, o desconhecimento é outro
desafio para o controle da doença. “É importante sensibilizar a comunidade,
pois a tuberculose impõe aos pacientes uma sobrecarga associada ao impacto da
doença na saúde, ao tratamento longo e difícil, e a exclusão social devido ao
estigma e o medo. É importante informar para a população que a doença tem cura,
o tratamento é gratuito e disponível em toda rede SUS”, explicou.
Dados da
doença
Em 2015, foram notificados no estado 4261 casos de Tuberculose.
Destes, 188 evoluíram para óbito. Em 2016, foram 4.591 casos da doença em Minas
e 171 óbitos. A Região Metropolitana de Belo Horizonte concentra
aproximadamente um terço dos casos do Estado.
Segundo o último relatório da Organização Mundial de Saúde
(OMS), a tuberculose é a doença infecciosa que mais mata jovens e adultos,
ultrapassando o HIV/Aids. No Brasil são notificados aproximadamente 70 mil
novos casos por ano, e ocorrem 4,6 mil mortes em decorrência da doença. Um dado
que chama atenção é que, diariamente, morrem 13 brasileiros em média por
tuberculose. Com isso, o país ocupa o 20º lugar entre os 30 países com alta
carga de TB no mundo.
Tuberculose
A tuberculose é transmitida pelo ar de pessoa a pessoa, através
da tosse, fala ou espirro de um doente com a forma pulmonar ou laríngea. O
principal sintoma da tuberculose é a tosse com uma duração de três ou mais
semanas, que pode ser acompanhada por febre ao final da tarde, suor noturno e
emagrecimento. A coordenadora reforça que “na vigência desses sintomas, é
importante a pessoa procurar a unidade básica de saúde mais próxima da sua casa
para ser avaliada”.
A realização do exame do escarro é uma das principais ações para
o diagnóstico da tuberculose. O Estado possui também uma rede que realiza o
Teste Rápido Molecular, exame moderno para o diagnóstico da doença, sem
qualquer custo para o usuário.
“Calcula-se que, durante um ano, numa comunidade, um indivíduo
que tenha baciloscopia (exame do escarro) positiva pode infectar, em média, de
10 a 15 pessoas. É importante saber que a tuberculose não se transmite pelo
compartilhamento de roupas, lençóis, copos e outros objetos”, relata Maíra
Veloso.
Prevenção
Para prevenir a doença é necessário imunizar as crianças com a
vacina BCG, que protege principalmente contra as formas graves da doença.
Identificar precocemente pacientes com a doença e iniciar o tratamento. Após 15
dias de uso regular dos medicamentos, a maioria das pessoas não transmite mais
a doença.
Evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, mal
ventilados e sem iluminação solar também um uma medida essencial para evitar o
contágio. A tuberculose não se transmite por objetos compartilhados.
Tratamento
O tratamento é gratuito e disponível em toda rede SUS. Para
êxito no tratamento, é importante que o paciente tome os medicamentos de forma
regular, todos os dias, e no tempo mínimo previsto, que é de seis meses.
De acordo com Maíra Veloso, na grande maioria dos casos, o
diagnóstico e acompanhamento devem ser realizados nas Unidades Básicas de
Saúde. “Apenas os casos de maior complexidade, quando necessário, são
encaminhados para a rede Hospitalar”.
Em Minas Gerais, os hospitais de referência no que se refere aos
casos complexos de tuberculose são: Hospital Júlia Kubitschek, o Hospital das
Clínicas/UFMG e o Hospital Eduardo de Menezes.
Vulnerabilidade
É importante saber que qualquer pessoa pode adoecer por
tuberculose, entretanto, alguns fatores contribuem para aumentar o risco de
adoecimento, como, por exemplo: desnutrição; baixa imunidade por uso de
medicamentos ou por doenças como a AIDS; diabetes; tabagismo, alcoolismo e uso
de drogas; contatos de pessoas com tuberculose pulmonar; pessoas que vivem em
condições precárias de vida e moradia.
Além disso, existem alguns grupos de maior vulnerabilidade:
privados de liberdade (presidiários), moradores de rua, população indígena e
pessoas que vivem com HIV/AIDS.
Programa
Estadual de Controle de Tuberculose (PECT)
O Programa Estadual de Controle da Tuberculose (PECT) de Minas
Gerais está inserido na Superintendência de Vigilância Epidemiológica,
Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado de Saúde de Minas
Gerais. Através do PECT, são realizadas diversas ações de Gestão do
Programa e Vigilância Epidemiológica, que constam principalmente de:
- Estabelecimento de Plano de Ação Regional anual baseado no
Planejamento Estratégico do PECT, que visa apoiar as Regionais de Saúde e seus
municípios de abrangência, para o desenvolvimento das atividades essenciais ao
cumprimento das diretrizes do Ministério da Saúde e da SES-MG. O monitoramento
deste plano é realizado através de videoconferências bimensais com todas as
regionais de saúde;
- Capacitações e orientações técnicas. Visitas de monitoramento
e avaliação às regionais de saúde e municípios com maior número de casos de
tuberculose;
- Desenvolvimento de articulações inter e intrasetoriais, para
estabelecer parcerias e pactuações para o atendimento adequado às populações
mais vulneráveis (moradores de rua, privados de liberdade, DST/Aids, indígenas
e trabalhador da saúde);
- Atividades direcionadas à Gestão de Casos de Tuberculose dos
pacientes com esquemas de tratamento especiais ou qualquer tipo de resistência às
drogas;
- Ações de Vigilância Epidemiológica através dos bancos de dados
do SINAN-TB e SITE-TB, que constam de softwares do Ministério da Saúde para
monitoramento e vigilância de todos os casos de TB no estado;
- Ações de Advocacy, Comunicação e Mobilização Social, com
participação ativa no Comitê Mineiro para o Controle Social da TB, para
sensibilização da população quanto às ações de prevenção da TB e promoção à
saúde;
- Ações conjuntas junto ao LACEN/FUNED buscando a garantia do
fornecimento dos exames essenciais para o diagnóstico precoce da TB;
- Ações de estímulo à detecção precoce da doença pela Atenção
Primária à Saúde, através do acompanhamento mensal dos sintomáticos
respiratórios (SR) e monitoramento dos dados conforme pactuação no Programa de Monitoramento
das Ações de Vigilância em Saúde/SES-MG;
- Realização de reuniões mensais com os profissionais dos
municípios que compõem a Rede Técnica Metropolitana de BH para o controle da
TB, com atividades pautadas em demandas relacionadas à melhoria da gestão do
Programa de TB no estado de Minas Gerais.
Texto: Agência Minas